Discos essenciais para Gustavo Drummond, do Oceania

Foto: Ivo Costa.
E a nova seção do blog tá bem bacana! Depois dos dois primeiros posts (com Zéu Britto e Scatalove, que juntos renderam mais de mil visualizações), temos agora a lista de Gustavo Drummond, líder da banda Oceania e ex-Udora (sim, àquela do Rock in Rio).

O cara vai de Soundgarden a Tom Jobim, passando por Jorge Ben e Rage Against the Machine. Essa tá virando a seção preferida do blog, amigos! 

Abaixo, a playlist com todos os discos sensacionais (o do Jobim é uma coletânea, já que o Gustavo indica tudo dele) para ouvir.

1. Guns N´ Roses – Appetite For Destruction – Eu já gostava bastante de música desde os 3 anos de idade, ouvindo Beatles, Supertramp, Gilberto Gil e Michael Jackson, além de ter o estranho costume de tomar banho com meus discos de vinil (passava shampoo e tudo...), mas esse álbum do GNR foi o que explodiu meu encantamento profundo com o Rock (que dura até hoje) nesta vertente mais agressiva, petulante e irresignada, com uma sonoridade ímpar, ao mesmo tempo melódica, estridente e brutal. Na minha opinião, é um álbum atemporal, que reúne os melhores elementos das bandas de Rock dos anos 70, com a fúria e imediatismo do movimento punk.

2. Jeff Buckley – Grace – Foi a primeira vez que me deparei com um artista introspectivo, que não trafegava na esteira tradicional dos histrionismos roqueiros, mas que foi muito além das expectativas tradicionais. Além de cantar bem, era capaz de criar harmonias, melodias e estruturas musicais inusitadas. Suas influências eram percebidas de uma maneira digna, sem a intenção de simular ídolos, mas com o desejo de empurrar o estado da arte para frente. É o caso clássico de um artista que nos deixou muito cedo, quando seu imenso potencial artístico estava meramente começando a aflorar. O Grace é um discaço que ouço até hoje, me perguntando o porquê de não surgirem tantos artistas com essa postura de iconoclastia que não seja destinada à simples destruição do “status quo” pela via da agressão, mas pela criação de um novas vertentes de beleza e pureza musical.

3. Soundgarden – Superunknown – Na minha opinião, o melhor álbum de Rock da década de 90. Afinações bizarras, tempos não-ortodoxos, sonoridade misteriosa, estruturas musicais truncadas a serviço das canções meticulosamente materializadas pelo Chris Cornell (em sua grande maioria). Um verdadeiro enigma, que merece ser desvendado por meio de inúmeras audições, sem que jamais se possa chegar a um desfecho ou conclusão definitiva. Uma inspiração ímpar na minha vida. É um outro exemplo de banda que soube dosar bem suas influências, incluindo Black Sabbath e Led Zeppelin, propondo uma nova sonoridade, ainda mais densa e instigante se comparada aos seus antecessores.

4. Rage Against The Machine – Rage Against The Machine – Eu não tenho muito apreço por Hip-Hop ou Rap, sendo que, de maneira geral, me parece uma vertente musical monotônica e desinteressante, considerando meu histórico de "junkie" por harmonias e melodias (a velha escola Lennon/McCartney). Mas, por alguma razão, este álbum capturou meu imaginário por muito tempo. O Zack de la Rocha é tão contundente nas linhas que canta, que fui instintivamente convencido a aprender as letras e me indignar contra qualquer coisa que representasse opressão, tendo este álbum como trilha sonora. A cozinha é sensacional e o Tom Morello, na minha opinião, é o último guitarrista a revolucionar o instrumento, desde o Eddie Van Halen em 1978.

5. Antonio Carlos Jobim – toda a discografia – Este cidadão merece uma deferência especial, não sendo possível avaliá-lo por um único álbum e sim pelo conjunto da obra. Na minha opinião, é o maior compositor brasileiro de todos os tempos. Um maestro com o total comando da música, principal artífice da Bossa Nova em toda sua simplicidade aparente e complexidade implícita. Muitos artistas gastam uma vida inteira tentando criar uma única música ou talvez um álbum que seja verdadeiramente singular, distinto da média comum. Tom Jobim foi muito além disso, criando não apenas um repertório reverenciado em todo o mundo, mas um ESTILO musical, a partir da junção do samba brasileiro com o jazz americano. Isso não é para neófitos ou os meramente esforçados, tem que ter muito, mas muito talento.

6. Jorge Ben – A Tábua da Esmeralda – Disco hipnotizante, principalmente pela perfeita captura de uma essência musical cujo traço marcante é a espontaneidade. Este álbum coloca um sorriso no meu rosto toda vez que ouço. É engraçado, triste, emocionante...uma variedade enorme de emoções ao longo de todas as canções, que retratam, no fim das contas, um país formado por um povo mestiço, belo, amistoso e extremamente criativo (infelizmente estamos um pouco distantes dessa essência, atualmente).

7. Jason Falkner – Presents Author Unknown – Este álbum me transformou em um grande fã do Jason Falkner, especialmente por sua habilidade única de compor pérolas Power Pop, com inversões harmônicas e acordes interessantíssimos. É um artista que nunca alçou grandes vôos comerciais, mas suas canções são dotadas de valor artístico gigantesco, o que, a meu ver, vale muito mais que qualquer disco de platina, likes, "joinhas" ou views.

8. Van Halen – Van Halen – O mundo do Rock (e das guitarras especificamente) era um antes do Van Halen e outro depois. Da primeira vez que ouvi “Eruption”, pensei que era algum efeito de estúdio, algum tipo de truque, impossível de ser reproduzido por um único músico. Após a revolução proposta neste álbum, a forma de encarar a guitarra jamais foi a mesma, gerando uma legião de imitadores baratos ao longo dos anos seguintes. David Lee Roth também é uma figuraça e isso transparece nas canções e shows ao vivo. Ótimas canções também.

9. The Bird and the Bee – Interpreting the Masters Vol. 1 – A tribute to Daryl Hall and John Oates – Um exemplo de modernização de hits clássicos dos anos 70 e 80, originalmente compostos pela dupla Hall & Oates. Este álbum é arranjado e tocado com tamanha maestria que chego a cometer a blasfêmia de preferir estas versões em detrimento das originais. Muito agradável de se ouvir e destrinchar. Vai muito além de simplesmente repetir canções pré-existentes, entrando na seara verdadeira da recriação, com extrema autoridade.

10. The Brian Setzer Orchestra – The Dirty Boogie – Álbum fabuloso. O Brian Setzer já era grandioso no Stray Cats, mas, neste álbum, ele entrega um conceito ao mesmo tempo nostálgico e inovador, de uma “big band” liderada por um guitarrista virtuoso. Os arranjos são de cair o queixo, as canções muito bem executadas e o carisma do Brian arrebatador, além de ser um fonte de inspiração sem fim para os “guitar nerds”, como eu.